quarta-feira, 9 de março de 2011

Um sonho bom.

Um dia desses atrás,
me permiti esquecer
os  pés no chão e a limitação covarde.

Deixei a mente fluir,
leve, larga e livremente.

Foi pensando no destino,
no destino incerto,
cercado de dúvidas existenciais,
e na ironia  dele para com a gente.
Foi pensando na vida,
e no quão avessa ela é,
que sonhei como criança.

Sonhei acordada que
vivia outra realidade...
sonhei com viagem e mudança,
com passagens aeras,
com ares de verdade, e  
com coisas não planejadas
dando mais certo
de que quando são.

Uma mala e poucas coisas,
Porque as tranqueiras da vida
a maioria eu ia deixar.
Restos podres e inúteis,
Iam sem hesitação,
pro bendito do lixão.
Sonhei com Desapego.

Sonhei que voava,
 e que o céu era igual a gente vê,
azulzinho e salpicado
de nuvens cor neve, e textura fofa.
Lá de cima,
Tudo era pequenino,
comparado à minha altitude.
Parecia até as maquetes perfeitas
que eu costumava admirar
quando criança.
Sonhei com Liberdade.


Sonhei que não ouvia
berros de mãe,
nem sermão dos de sempre.
Nem mesmo as chatisses do irmão
eu precisava aturar.
Sonhei que não tinha mais o calor,
o maldito calor infernal
inerente a qualquer país tropical.
Sonhei com cabeça leve,
Sem peso e preocupação.
Sonhei com guerrinha d’agua,
e com inimigos fazendo as pazes,
Sonhei com PAZ!

Sonhei com vida desembaraçada,
sem nenhuma satisfação,
Sonhei com andar o dia todo,
sem rumo e destino,
sem pressa, sem neura
porque o dia pode virar noite
que eu posso estar na rua.
Sonhei com as coisas certas,
cada qual em seu lugar,
tudo exatamente do jeito que pus
que é do jeito que minha mente
se mantém organizada.
Sonhei com Independência.

Sonhei com solidão,
e com saudade também
e se era saudade,
é porque tinha falta,
e se tinha falta,
só solidão não preenchia,
era então um saudosar solitário
das boas e velhas companhias.
Sonhei com Presença.

Sonhei com casacos,
Botas, chapéus, cachecóis e sobretudos.
Nariz vermelho, boneco de neve
e café quentinho com torradas.
Sonhei com céu nublado
E tempo confortável,
lago frio, pássaro elegantes e belos.
Árvores secas, lareiras e coisa e tal,
Tudo, tudo sendo só meu dia a dia.
Sonhei com Inverno.

Sonho bom foi esse, mesmo
Tive tudo que queria, e mais
Tudo que meu ser precisava,
Nos minutos em que sonhei acordada
Sonhei com desapego, liberdade, paz,
Independência, presença e meu doce inverno branco.
Lembro só que não sonhei
Com amor em carne e osso.
Que meu amor era só
por tudo que sonhei.
E creio que a ausência,
do sublime sentimento,
no meu humilde sonho,
é porque era um sonho bom,
sem dor, angustia e inquietação...
E com amor, há sempre dor,
Senão, não é amor.

E eu só sei,
Que tive um sonho bom. 
E que por alguns instantes,
deixou de ser sonho,
pra fazer parte da vida,
pra fazer parte dos planos.
Foi aí que eu acordei,
com uma chacoalhada real,
e vi que enquanto a vida passava,
eu estava só sonhando.