sexta-feira, 22 de julho de 2011

O que não era verdade, e nunca seria.

Não é possível que sejamos novos escravos desse sistema alienador. Não é possível que eu estivesse construindo um castelo de areia, como tantos que vi desabar. Não é possível...

Foi quando eu descobri que nunca fizera história, e era só parte dela, que eu relutei;
Foi quando eu descobri que minhas forças eram finitas, que eu chorei;
Foi quando me colocaram frente a um espelho e eu não pude me ver, que eu desabei;
Foi quando finalmente me fizeram mais uma...que me tranquei.
Sem argumentos para contestação, eu me tranquei e quis sumir pra sempre.
Quis queimar os livros e silenciar as canções...
Quis calar os falantes,
Quis apagar o sol,
Quis ouvir o silêncio.
Quis fazer o impossível, para desacreditar que ele estava acontecendo.

Tentei dormir, para acordar logo e ver que tudo não passara de um terrível pesadelo, mas não consegui.
E quando disseram que era verdade, e que era o fim, eu já não tinha força o suficiente para derramar a ultima lágrima.
Eu já não era nada vendo todo meu suor e todo meu amor, esvaindo-se no ar.

Ouvi gritos abafados de crianças e de pobres sem voz...e nada pude fazer, ou, nada fiz
Ví minha vida torcida e esquecida num canto escuro, sem esperança, sem poesia, sem mim.
Observei felicidade insana, e não a senti.
E por estar sempre alheia a todos, senti-me afinal, a sós comigo.
Numa solidão obscura que não queria ter sentido. Não mesmo.

Mas eu ainda mantinha dentro de mim o sentimento de benevolência, e orava pra que ao menos isso pudesse me salvar.
Orava para que minhas próprias mãos, e meu próprio coração fossem o instrumento de paz a muitos seres.
Pedia humildemente, para que a sintonia entre mim e o mundo fosse possível, e como eu lutava para acreditar nisso...

Tentei acreditar nas palavras, na verdade, nas pessoas, e não consegui.
Tentei  desacreditar que meu castelo era mesmo de areia...

Rendi-me enfim, a verdade alheia, porque já não tinha forças para manter uma própria! Talvez fosse mais saudável parar de querer inventar...

Tiraram-me a voz e o sorriso. Seguindo passos já marcados no chão, eu já não era eu, e já não era ameaça ao carnaval de idiotas, enfim. Acorrentada a ordem e as regras, sem sonhos ou ilusões, eu não passava de um punhado de órgãos que circundava um espaço triste e limitado.
Guardava ainda um pouco de esperanças, e um dia, de tanto andar em círculos, escapuliria pela tangente, e inventaria novamente. E construiria castelos e mais castelos, de areia ou não, mas certamente de verdades, das minhas próprias verdades!