terça-feira, 9 de novembro de 2010

Amarga confiança.

O amargo do café quente desceu na garganta rasgando. Um gole só.

Uma sensação estranhíssima de derrota. Sem desespero, mas um ardor profundo e doentio. Assim, do nada e por tudo, múltiplos impulsos invadiram todas as células nervosas que por pouco não colapsaram. Uh! Foi quase hein?!
Run, quase. Quase? É, quase. Aquilo que foi e não chegou. Que subiu e perdeu-se sem conhecer o topo. Aquilo lá, que não foi e nem deixou de ser. Complexo? É, como tudo!

A quentura já provocara gotas de suor na face. Queimara a língua e causara um mal estar esquisito. Rá, mas depois da garganta, a confiança se evidenciara na tacada firme ao colocar a xícara sobre a mesa e sussurrava...

Açúcar é para os fracos. Assim como conveniências e facilidades. Ajudas, agrados e elogios também. É meu bem, parece que o seu feito não foi tão grande assim. Ou vai me dizer que pensara que fora o único a engolir na fúria a amargura deste café?! É, acho que um dia pensara...

Que terrível ser digno de dó, pena, compaixão ou piedade. Assustador.
Se não quiser esta dignidade, então grite, ouse, segure a intolerância entre os dedos, mantenha a impaciência nas costas e ande. Com os próprios pés. Fale, com a própria voz, e com o alfabeto que te pertence. Faça. Beba o próprio café. O seu café. aquele amargo  e quente.  Mereça!

Alívio. Amargo, mas desceu!

Espera, acabou o café?

Acabou a confiança?  

Um comentário:

  1. Incrível!
    Amazing!
    Simplesmente tapa na cara seu texto.
    Quantas vezes não precisamos engolir o amargo café e levantarmos a cabeça num sorriso amarelo, hum?
    Quantas?
    Bebamos, num brinde fatal, e vençamos amiga! Juntos!

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