quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Estrada sem sentido.



Ando percorrendo um caminho desconhecido,

Colocando sorriso no rosto só para iluminar mais, 
Falando com árvores e pedras para apressar tudo.
Tenho visto corações flutuando no ar.

Devo ter andado demais.
Devo estar perdida.
Devo estar delirando...

Ouço pássaros me dizendo por onde ir,
Mas logo eles se vão.
Vejo flores formando um belo mosaico colorido no chão,
Mas elas murcham, e apagam a pouca esperança que restava.

Nada fica. Só eu permaneço.
O meu estado não combina com azul do céu,
Assim como tudo some quando a tempestade aparece.

Mas eu continuo andando.
Até na pior das tempestades,
Eu corro na esperança de um fim próximo...

Não há como estacionar,
Eu preciso seguir, mas não sei se tenho fôlego.
Há trechos em que os obstáculos são imensos,
E os pássaros e flores não me correspondem mais.

Quando chegar ao fim, e se chegar,
Vou incendiar este longo e estranho caminho,
Porque eu quero esquecer essa tortuosa jornada.

Vou sentar e olhar.
Vou olhar sem ver.
Vou ouvir o estalo do fogo queimando tudo,
Para que o brilho da chama confirme a minha loucura.

Certamente não deveria desejar incendiar nada,
Não deveria nem sentir isso,
Não deveria esperar nada de pássaros, flores ou pedras.
Não deveria ver corações flutuantes.

Escrito em 31/08/2010.

Um comentário:

  1. É uma delícia ver uma escrita tão cinhecida e tão linda.
    Acho que mesmo que nos cobremos por NÃO SENTIR vontade de queimar o caminho, sempre a sentiremos.
    Nunca iremos querer nos lembrar de coisas ruins...nunca.
    Mas acho que por uma boa razão, pelo fogo, o caminho não some. Só fica em cinzas. Pra de alguma forma, inquietante e sábia lhe mostrar onde não mais andar.
    Devaneios, enfim.
    Te amo.

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