terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ritmo acelerado

Está indo rápido demais. Não estou tendo tempo para absorver tudo isso. O vento raja em minha face e estremece meu corpo. Sinto insegurança. Sinto pressão. Essa contagem regressiva me incomoda, e faz-me sentir frente a uma bomba. Eu ouço o tique e taque do relógio, e os segundos estão marcados. Aguardando apenas até que o visor marque o momento do fim. 


O coração já está quase sofrendo taquicardia. As mãos estão tão geladas que já não posso mais senti-las. As pernas balançam involuntariamente. A frieza insiste em permanecer no olhar.

O cérebro ainda não traduziu o fato. Uma pane. Pouco tempo para muita informação. Pouco tempo para muitas mudanças. Pouco tempo para tantos acontecimentos. Pouco tempo para pensar. Pouco tempo para respirar. Poucas pessoas...

Um intervalo de tempo muito curto para repetição de palavras e para a mesma confusão de sentimentos. Não há ilusões agora. Sem fantasias. Não há mais com o que se confundir. Está tudo muito claro. E a claridade é tanta que machucam meus olhos entreabertos a procura de enxergar o fim de tudo.

O fato de estar perto do fim, traz certo desespero. A mente reluta em aceitar. Ao mesmo tempo a ansiedade pelo novo saliva na boca e provoca um leve frio na barriga. Os extremos brigam para o ocupar um mesmo lugar, um mesmo corpo, e pior, um mesmo instante. O apego, a segurança e o conforto são tentadores. Dá vontade de prolongar isso. Entretanto há algo mais forte que impede. Algo como uma barreira, que depois de ultrapassada se cristaliza e não permite volta.

É rápido. Apesar de todos os efeitos colaterais, passa rápido. Mais rápido do quê se possa imaginar...A negação, a resistência, os fatos, a relutância, os sintomas são típicos, são previsíveis, porem inimagináveis. Mais agora não há mais tempo. Tudo que tinha que ser formulado e escrito foi. Talvez não seja compreendido...e realmente não foi feito para isso ser. E agora chegou o fim.  Porque os zeros estão se aproximando. Apesar de ciente, não posso lutar contra o que é mais forte do que meu corpo. O olhar ainda frio e calmo. Taquicardia. Mãos geladas. Pernas balançando... tique taque...tique taque...tique taque...

Um comentário:

  1. Eu estive pensando exatamente nisso hoje.
    Ao mesmo tempo que o ano que vem é excitantemente incerto, ele também o é terrivelmente.
    Ao mesmo tempo que um furor pela liberdade e pelas novas experiências grita, um medo do desconhecido pede arrego.
    O tempo chegou, não nos damos conta dele, até ele bater à nossa cara o aviso de desepejo.
    Sim, fomos despejados...
    De onde quer que tenhamos estado, para a vida.

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